A 8 de Março e após uma breve escala em Budapeste o avião, proveniente de Lisboa, aterrou suavemente na República Checa, no aeroporto Ruzyne em Praga.
A simpática neve que cobria a cidade contrastou com a rudeza dos nativos que foi rapidamente demonstrada nos postos de apoio ao turista… As expressões incomodadas, as respostas curtas, o tom de voz antipático e a falta de vontade de ajudar foram, salvo raras excepções, uma constante.
Nos primeiros quatro dias devoraram-se os principais locais de peregrinação turística: a Ponte Carlos que até ao século XIX foi a única ponte a unir as duas margens, o bairro Malá Strana e todo o recinto do castelo na margem ocidental do Vltava, e na zona oriental o antigo bairro judeu de Josefov, toda a cidade velha de Staré Mestro, a histórica Staromestské Námestí e o segundo castelo em Vysehrad.
De seguida a rota escolheu como destino Oświęcim, na Polónia. Nas sete horas da viagem de comboio não surgiu qualquer incidente apesar das carruagens terem sido invadidas por dezenas de polacos com malas carregadas de garrafas e chupa-chupas (sim, chupa-chupas).
O único dia em Oświęcim foi integralmente dedicado ao campo de concentração e de extermínio de Auschwitz – Birkenau e ao museu anexo. As almas do milhão e meio de pessoas, que ai tombaram à irracionalidade nazi, proporcionam um ambiente adverso a sorrisos e impõem respeito. Num manuscrito escrito por um prisioneiro judeu, encontrado após a libertação do campo, lê-se: “Estamos num campo de extermínio. É uma ilha onde nada vive. As pessoas não estão aqui para viverem. Estão aqui para, mais tarde ou mais cedo, encontrar a sua morte. Aqui não há espaço para a vida. Esta é a residência da morte”…
De autocarro seguiu-se o rumo de Cracóvia. Em dois dias, o essencial da cidade, que sempre conseguiu conciliar igrejas e sinagogas lado a lado, foi visitado. A grande praça central Rynek Glówny com o “centro comercial mais antigo do mundo” no centro e a colina Wavel com o Palácio à beira do Rio Vistula cativaram.
Após o regresso a Praga, novamente numa noite escura, houve tempo para visitar o Museu do Comunismo, que permitiu compreender um pouco melhor a história da República Checa, assistir à peça de teatro negro “Faust” realizada pelo grupo All Colours Theatre, percorrer a pequena ilha Strelecky Ostrov, divagar pela Malá Strana, brincar no labirinto de espelhos e subir a colina Petrín até ao cimo da sua mini torre Eiffel.
O regresso a Portugal, a 17 de Março, não se concretizou sem outra escala em Budapeste. Lisboa esperava impacientemente o regresso.
Paulo Vyve