Se esta viagem não estivesse (estranhamente) marcada com tanta antecedência eu não teria saído de Lisboa. Porém a imprevisibilidade que me teria prendido em Lisboa permitiu também subir aos céus e voar. Não nego que uma parte de mim permaneceu ancorado ao ponto de partida mas, mesmo com essas amarras, concretizar a viagem pareceu um sonho.
Os voos, com escala em Paris, foram demorados mas tranquilos. Nunca antes tinha dobrado o equador e posso confirmar que no hemisfério sul, na latitude 20º, o mundo não é muito diferente da vida mais a norte.
Fiquei alojado na península Le Morne a sudoeste da ilha onde a época baixa ainda se estava a instalar. O sol ora sorria ora envergonhado concedia às nuvens espaço para desfilarem.

O areal não é deslumbrante mas o mar e o céu seduzem

A costa é extraordinariamente ventosa e os kitesurfers e os windsurfers partilhavam as águas. A praia estendia-se em ambos os lados da península e seria fácil encontrar uma zona abrigada para veranear mas a tentação era escassa. Surpreendentemente a praia era uma desilusão que o azul celeste da água não conseguia compensar: a areia era dura e acumulava detritos trazidos pela maré e outros abandonados pela bebedeira humana.
Por seu lado o mar ganhava profundidade abruptamente e em menos de nada não havia pé que tocasse no fundo. É óbvio que não deixei de entrar no Oceano Índico mas (desta vez) não foi um amor duradouro.
O resort tinha 3 piscinas abertas o que evidencia que estavam cientes da qualidade do areal. Acrescia que o bar oferecia comida e bebida sem restrições portanto foi fácil manter-me ocupado. Há muitos prazeres na vida e nem todos implicam estender uma tolha na areia.

Há um reino onde a preguiça é uma virtude

Lamento não ter visitado a ilha mas os convites para passear pela ilha não se materializaram: ou a viagem seria demorada, ou o preço desproporcionado ou escasseava informação sobre o programa.
Aproveitei portanto para descansar. As horas passaram e fui estando sempre entretido com actividades de baixo impacto físico.
As maiores emoções da semana estiveram centradas no transporte entre o hotel e o aeroporto. Com o modo de condução “montanha russa” activado restou-me fechar os olhos e manter o pensamento positivo. Como não aprecio parques de diversão e fico incomodado com travagens bruscas rapidamente senti a falta do isolamento e da pacatez do hotel.
Paulo Vyve

outras viagens

Back to Top